TEXTOS, AULAS E ARTIGOS

No dia 15/06/2023 foi realizada a edição #4 do Abrindo o Código, série de conferências que visa propagar técnicas e tecnologias relacionadas ao manejo de softwares e boas práticas de gestão colaborativa e de economia solidária, pilares da tecnologia social das Produtoras Culturais Colaborativas. Desta vez o tema foi “Explorando Design Gráfico com Softwares Livres”.

A atividade consiste em um apanhado geral das possibilidades e limitações de se trabalhar profissionalmente com softwares livres, bem como da apresentação das diversas ferramentas e exemplos de escritórios e coletivos atuantes no mundo. Posteriormente aconteceu um diálogo entre os presentes.

Em Santa Catarina, um sinal do gigantesco déficit habitacional brasileiro: se reunida, população que vive precariamente comporia a cidade mais populosa do estado. Experiência das ocupações mostra: poderia ser um lugar solidário e marcado pelo senso coletivo.

Como citar: MAIER, Jefferson Adriano; TORNQUIST, Carmen Susana. A cidade dos Sem-Teto. Outraspalavras. São Paulo, 2022.

Resumo: O presente trabalho buscou analisar a organização interna da Ocupação Contestado, Ocupação Urbana Organizada localizada no bairro Serraria, em São José/SC. A Ocupação surgiu a partir de um estelionato eleitoral que levou ao seu despejo, em 2012, e se reorganizou em conjunto com uma rede de apoiadores, composta por diversos atores na qual destaca-se a organização Brigadas Populares. A partir disso, as famílias sem-teto ocuparam outro terreno ainda naquele ano e lutam desde então por um conjunto habitacional. A pesquisa parte de uma análise crítica do acesso à habitação no país, comentando a formação socioespacial da Área Conurbada de Florianópolis, à luz das categorias: superexploração da força de trabalho e espoliação urbana. Em conjunto da sistematização e interpretação dos dados a respeito da moradia na região, principalmente a partir do conceito do Déficit Habitacional. Em um segundo momento, é apresentada algumas alternativas da classe trabalhadora para se contrapor à lógica da moradia enquanto mercadoria, tanto das décadas anteriores, quanto em curso na região, as atuais Ocupações Urbanas. Para compreender como funciona o caso específico da Ocupação Contestado, foi realizado um trabalho de campo composto de métodos etnográficos e entrevistas, realizados a partir da perspectiva da pesquisa militante. O trabalho de campo acabou por incorporar, em menor profundidade, outra comunidade no mesmo bairro, a Ocupação Vale das Palmeiras. Conclui-se que a Ocupação – além de uma necessidade prática advinda com o objetivo de reduzir o peso da superexploração e espoliação urbana, a partir da organização política – se torna o instrumento pelo qual se forma o sujeito ocupante, que passa a lutar por moradia. No caso específico da Ocupação Contestado, compreendemos melhor as mudanças internas que ocorreram na comunidade, e como se deram as adaptações dos métodos organizativos advindos da rede de apoiadores (compostas por organizações de esquerda e partidos políticos) para o cotidiano dos moradores, após quase dez anos de luta.

Como citar: MAIER, Jefferson Adriano. Lutar, criar: experiência de organização política dos moradores da Ocupação Contestado/SJ. 2022. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Planejamento Territorial, Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 2022.

Proposta apresentada ao Ministério das Cidades prevê locação social.

Realizo aqui uma crítica ao modelo baseada em 4 pontos.

1. O programa não inova.

O modelo de locação social é praticado em diversas modalidades ao redor do mundo, desde as políticas de assistência social em casos de emergência, passando por algumas iniciativas de São Paulo até as cooperativas de moradia da Europa que surgiram depois da primeira guerra. Esse modelo já mostrou algumas limitações, desde de sustentabilidade e administração dos imóveis, até o não atendimento das pessoas de mais baixa renda.

2. O aluguel é o maior problema habitacional na região.

Segundo a Fundação João Pinheiro, dos mais de 32 mil domicílios (cerca de 90mil pessoas) em Déficit Habitacional na Grande Florianópolis, 77% está em déficit pelo critério do alto preço do aluguel. Ou seja, quase 22 mil famílias gastam mais de 30% da sua renda com aluguel. Isso pode significar que, dependendo do preço, as pessoas que estiverem no programa sigam dentro do déficit habitacional.

3. O problema habitacional é o problema da renda

As pessoas pagam aluguel porque não conseguem financiar um imóvel, e muitas vezes são forçadas a sair do aluguel e morar em uma ocupação/favela por cansar de lidar com a difícil escolha de colocar a comida na mesa, ou pagar o locador. Não dá pra querer que um programa de aluguel público funcione na cidade com a segunda cesta básica mais cara do Brasil, onde a passagem de ônibus custa R$ 6,00 – a política pública precisa ser integrada com um projeto de cidade.

4. Existem políticas públicas mais urgentes

Um dado curioso do Brasil é que frequentemente temos uma quantidade de imóveis vazios quase tão grande quanto o Déficit Habitacional, ou seja, existe muita casa sem gente e muita gente sem casa. E a prefeitura pode colocar em prática políticas públicas para forçar que os proprietários deem uma função social para esses imóveis. Uma delas é o IPTU progressivo no tempo, que a cada ano sem uso, o propritário vai pagando mais, forçando ele a dar uma utilidade para o imóvel vazio aumentando a arrecadação na cidade para futuras políticas públicas.

A oficina teve como proposta discutir como produzir peças de design gráfico a partir do software livre Inkscape e recursos de acesso aberto na internet. Serão apresentados alguns fundamentos do design, que servem de guia para a composição, bem como as guidelines de projetos e estúdios exemplares, para que desenvolvedores compreendam boas formas de incluir o design em seus projetos e designers entendam como adentrar esse mundo.

Resumo: O presente trabalho é um estudo sobre o jornal impresso “Próxima Parada: Monte Serrat”. A reportagem, que surgiu como pesquisa e Trabalho de Conclusão de Curso em jornalismo de uma das participantes do projeto do jornal e posteriormente foi transformada em jornal impresso, aborda a chegada do transporte coletivo em uma comunidade periférica na ilha de Florianópolis/SC. O artigo parte de uma revisão teórica e temática para explicar o objeto em questão frente ao campo do design, em intersecção com o jornalismo e com o campo dos impressos. É seguido por entrevistas com a jornalista idealizadora e um dos designers participantes, para desvelar as motivações por trás da criação do jornal, e como se deu a inserção do projeto na localidade de Monte Serrat e resultados esperados e observados posteriormente. Ao fim apresentamos as condições que garantiram que o jornal fosse uma ferramenta capaz de disputar a narrativa e servir como material educacional e de formação na comunidade.

Palavras-chave: Estudo de caso Impressos independentes Projeto gráfico

Como citar: MAIER, Jefferson. A; ANTUNES, Douglas L . O design gráfico atravessa a história comunitária: um estudo de caso a partir do jornal “Próxima Parada: Monte Serrat”. in: III Colóquio de Pesquisa e Design: (De)futurando o Design, 2021. Apresentação de trabalho e publicação de artigo em anais

O presente documentário tem como objetivo contextualizar e divulgar a luta das ocupações urbanas de São José/SC – Ocupação Contestado, organizada pelas Brigadas Populares desde 2012 e Ocupação Vale das Palmeiras, que surgiu espontaneamente a partir de 2018. Através dos depoimentos de seus moradores e moradoras, compreendemos como a prefeitura da cidade tem negado direitos básicos a essa população, e tenta uma ação de despejo em plena pandemia. Além de mostrar como a organização das famílias é fundamental na luta por direito à moradia. Vídeo produzido pelas Brigadas Populares, Coletivo Alicerce e ocupações Contestado e Vale das Palmeiras na oficina Câmera Causa #13, edição do Arquicine 2021 – FNA e FeNEA – ministrado por Gustavo Spolidoro e Lucas Heitor, de 24/04 a 02/05/2021.

Pesquisadores da Udesc analisam os números disponíveis sobre moradia e concluem que “cidade dos sem-teto” é maior do que a população de Joinville.

Resumo:  O presente artigo contribui para a história da implantação do transporte coletivo no Monte Serrat, comunidade localizada em Florianópolis, a partir da experiência de escrita, editoração e lançamento do jornal “Próxima Parada: Monte Serrat”. O jornal conta a história da chegada do ônibus ao morro e foi lançado na forma impressa em 2018, em um debate que contou com a presença de lideranças locais e moradores da comunidade. Abordamos essas histórias por meio de uma análise sobre a formação socioespacial de Florianópolis e a trajetória de resistência das comunidades residentes do morro da região central da capital.

Palavras-chave: Jornalismo Monte Serrat Transporte coletivo 

Como citar:DOS ANJOS, Priscila de Oliveira; COELHO, Luccas da Cunha; MAIER, Jefferson Adriano. Um jornal impresso confronta o fluxo urbano:
A experiência do editorial “Próxima parada: Monte Serrat”. Cadernos NAUI. Florianópolis. Vol. 9 , n. 16, jan – jun. 2020

Resumo: Este artigo tem por objetivo analisar a publicação Incidente em Tunguska, de Pedro Franz, apoiado na estrutura semiótica do percurso gerativo de sentido. Visamos compreender como a Semiótica de Greimas, também conhecida como Semiótica Narrativa, pode servir de método para o estudo de publicações de artistas. Após uma apresentação inicial do objeto, ele é analisado seguindo os patamares hierarquicamente ordenados do plano do conteúdo, que entram em jogo na produção e na apreensão do sentido: no nível discursivo, buscamos compreender a relação entre enunciador e enunciatário, bem como os investimentos temáticos e figurativos; no nível narrativo, procuramos apontar o modo como as transformações de estado são operadas dentro das narrativas; finalmente, no nível fundamental, buscamos encontrar a oposição semântica de base que funda o texto.

Palavras-chave: Quadrinhos – Semiótica Narrativa – Livro de artista

Como citar: Maier, Jefferson Adriano; Bogo, Marc Barreto.  Incidentes: a Semiótica Narrativa como método para desbravar as publicações de artista. In Semeiosis: semiótica e transdisciplinaridade em revista, v. 8 n. 2, nov. 2020. Acesso em dia/mês/ano.

Resumo:O presente artigo tem como objetivo contextualizar e refletir sobre o surgimento da Ocupação Vale das Palmeiras, localizada em São José, cidade do litoral catarinense pertencente à Área Conurbada de Florianópolis (ACF). O trabalho parte da dissertação do autor, e é dividido em duas sessões. Na primeira, a partir da contextualização da formação socioespacial da região, busca-se compreender o projeto de desenvolvimento das classes dominantes para a região, e suas consequências, especialmente a crise habitacional. Na segunda sessão, o surgimento da ocupação citada é comentado e analisado a partir do método etnográfico e da pesquisa militante, e a experiência de organização da Vale das Palmeiras é comparada com outra Ocupação Urbana Organizada do mesmo bairro, a Ocupação Contestado, a partir de revisão bibliográfica. Por fim, são esboçadas considerações finais sobre os diferentes processos, ressaltando aspectos em comum e singularidades de cada território.

Como citar: MAIER, Jefferson Adriano; Vale das Palmeiras, mais uma ocupação: experiências de organização coletiva e popular em São José/SC. In Anais do XIX Encontro Nacional da ANPUR, 2022. Acesso em dia/mês/ano.

Resumo: O presente artigo realiza uma comparação entre os conceitos de “escassez de moradia”, elaborado por Friedrich Engels, e o de “déficit habitacional”, definido pela Fundação João Pinheiro, aqui trazido através do Relatório do déficit habitacional e inadequação de domicílios de 2015. A pesquisa faz uma revisão bibliográfica das principais obras de Engels relacionadas ao tema da moradia, comparando seus pontos nodais com o debate contemporâneo brasileiro sobre o tema, destacando, especialmente, a noção de escassez de moradia, que decorre de uma concepção singular do autor acerca da questão nos marcos do capitalismo. O artigo conclui que a concepção de déficit habitacional, ainda que útil para expressar desigualdades sociais no acesso à moradia, leva a uma compreensão do problema habitacional mais estreita da que propunha Engels, isto é, tentando resolver o problema habitacional nos marcos do capitalismo e da mercadoria – dimensão que o pensador alemão propunha superar.

Palavras-chave: Engels – Déficit Habitacional – Escassez de moradia

Como citar: TORNQUIST, C. S., & MAIER, J. A. . A moradia como questão: uma comparação entre as ideias de Engels e o conceito de Déficit Habitacional. Revista Novos Rumos, 58(1), 89–103. Marília: Unesp, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.36311/0102-5864.2021.v58 n1.p89-103

Episódio de podcast. Inauguração do quadro prática radical, que tem como meta trabalhar a formação aliando teoria e prática. o programa aborda a temática da agitação e propaganda, ou, Agitprop.

Iasmin, Maria Clara e Jefferson Maier, debatem uma perspectiva mais histórica que abre o debate sobre a questão recorrendo ao agitprop na Rússia e como isso influenciou alguns movimentos aqui no Brasil.

Temos como convidado especial Márcio Moreto, professor de sistemas de informação da USP Leste, que vai trazer o riquíssimo debate sobre as novas técnicas comunicacionais, necessário à complementação da formação militante, tendo em vista a necessidade de conhecer esse mundo digitalizado num nível de Reprodução técnica que Walter Benjamin nem sonhava.